Escrever bem é resultado de muito treino e habilidade, de acordo com vários especialistas no assunto. Para isso, o estímulo deve começar desde cedo, quando as crianças começam a ter contato com músicas, desenhos e imagens que contribuem para o gosto para a leitura e, consequentemente, à escrita.
No entanto, é durante a alfabetização que os professores devem estar muito bem preparados para atrair a atenção dos pequenos. Por isso, é importante que o ambiente escolar, principalmente a sala de aula, seja estimulante à leitura e ofereça oportunidades de exercícios reais de busca de informação.
Há quatro anos, a Escola Municipal de Ensino Fundamental Profª. Maria de Lourdes Camargo Mello, de Jaú, percebeu que poderia mudar a realidade em sala de aula. “Percebíamos que a escola se encontrava carente de alunos com o hábito frequente de leitura e também buscávamos uma melhoria no ato de escrever”, garante a diretora Andrea Carrara Veneziani.
Escrever bem forma leitor crítico
“A ideia surgiu de uma viagem que fiz com minha filha. Vi o filho de uma amiga lendo um livro que ele produziu na escola. Era uma coletânea de histórias escritas por todos os alunos. Me interessei, ele gentilmente emprestou o livro. Quando cheguei na escola, apresentei a proposta a equipe escolar que imediatamente abraçou a ideia”, complementa.
Aliás, a diretora revela como conseguiu manter os alunos motivados a terminar os textos e/ou desenhos para os livros. “Através do incentivo dos próprios professores, que motivavam os alunos a continuar e a buscar sempre o melhor, pois acreditavam em seu potencial”, garante. “Dessa forma, a escola conseguiu trazer a comunidade ainda mais perto da escola, transformar os alunos em pequenos escritores, fazer com que eles criem o hábito e o gosto pela leitura. Nosso objetivo principal é a criança e a sua formação enquanto cidadão, leitor crítico, pois batalhamos muito”, complementa.
Por isso, um dos principais destaques nesse projeto Semeando Autores é o apoio dos pais! “Sem esse apoio, o livro não aconteceria, sem nenhuma sombra de dúvidas. A parceria escola-família é essencial para que esse projeto de fato aconteça e dê certo. Sempre temos relatos emocionantes de pais, avôs, recebemos cartas, durantes reuniões de pais, enquanto apresentamos o projeto e mostramos alguns livros tem pais e mães que se emocionam conosco. É realmente emocionante”, finaliza Andrea.
Livros já publicados pela escola Escola Municipal de Ensino Fundamental Profª. Maria de Lourdes Camargo Mello – Jaú
Boas ideias
No portal do MEC, é possível encontrar vários projetos desenvolvidos em escolas de todo o Brasil com essa finalidade. Aliás, uma das orientações encontradas entre esses projetos é que os professores redobrem a atenção quando estiverem lendo junto com seus alunos. Nesse momento, é imprescindível observar as respostas que eles dão às suas perguntas. Afinal, essas respostas revelam que eles estão fazendo associações muito mais amplas.
Mas tudo começa com a leitura. Com isso em mente, o professor Fabiano Oliveira, de Aracaju (SE), conseguiu prender a atenção dos seus alunos adolescentes quando modificou o ambiente escolar. “Aliás, montei uma sala com os alunos e adaptei em forma de palco e outros espaços para redação e gramática. É uma sala pioneira no país, com formato de casa: temos sofá, almofadas, quadros de pinturas e plantas”, afirma.
“Faço uma antropofagia entre as linguagens, uma mistura boa e visualmente bonita. Literatura aparece com teatro, poesia e música (fazemos shows na sala). A gramática vem com atividades em slides interativos, música, textos da realidade deles. Muitas vezes não se encontram nas páginas da gramática. E a produção textual vem com os temas perigosos (maioridade, aborto e sustentabilidade)”, complementa.
Método para escrever bem
Aliás, no seu modelo de produção de textos para redação, o professor mostra como fazer uma boa redação através de quatro pilares fundamentais: pesquisar – ler – debater – escrever. Dessa forma, os estudantes se sentem motivados a fazer parte do processo. E o mais importante: despertam para a necessidade de compreender o contexto do tema e debater, despertando seu senso crítico.
Portanto, foi com essa proposta que o professor Fabiano Oliveira ganhou em 2017 o Prêmio Professores no Brasil na fase estadual. E em 2018, ele foi professor destaque na mesma premiação. Tudo aconteceu porque ele conseguiu pensar fora da caixinha para estimular os alunos a se interessarem pela escrita e leitura. Porque ser professor também é isso!