Adolescências. É assim que estudiosos têm denominado o período de vida entre os 10 e 19 anos de idade e que pode se estender, em muitos casos, até os 24 anos, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS).
A escolha por usar o termo no plural deve-se ao entendimento sobre a complexidade dessa fase, que envolve mudanças hormonais, físicas, emocionais, psicológicas, psíquicas, sociais e comportamentais. E tudo isso transpassado por questões familiares e culturais…
Por isso, não dá para dizer que há uma adolescência, mas várias! E todas elas merecem ser olhadas de forma cuidadosa e atenta, sobretudo pelos educadores. São eles que, junto com a família, contribuirão para a construção de pontes desses indivíduos entre a vida infantil e a vida adulta.
Mas, mais do que passar de um lado a outro, é importante contemplar a vista e ajudar os adolescentes a construírem seu lugar nesse cenário de transição. Afinal, com tantas mudanças, é natural que essa passagem seja repleta de vulnerabilidades.
E quais seriam elas? Mudanças no corpo, na fala, na identidade como indivíduo e como grupo, no seu posicionamento na vida social, na forma como os adolescentes são vistos pela sociedade, nas pressões por definições de carreira, na busca pelo primeiro emprego, na sexualidade, no amor, nas questões de gênero, no desempenho escolar…
A produção textual é uma forma de fazer os adolescentes olharem pela janela do mundo e se verem como seres em construção, entre dores, delícias, identidades e alteridades.
Por meio da escrita, orientada na forma de produção de gêneros textuais diversos, é possível criar momentos de reflexão, dar voz a essas pessoas e propiciar ricos e acolhedores momentos de escuta.
Quem fez isso muito bem foi o Colégio Guedes de Azevedo, de Bauru – SP, com o projeto “Reminiscências da Memória – Narrativas de um tempo vivido e sonhado”, que registra em livro de mesmo nome os momentos de afeto, carinho e atuação na sociedade da turma do 9º ano do ensino fundamental II de 2021.
Orientados pela professora de língua portuguesa Natália Olímpio, os alunos produziram para o livro textos individuais sobre os tópicos “O que eu aprendi?”, “E o meu futuro?”, “Histórias de família” e “Family Stories”. Tudo ilustrado com fotografias dos adolescentes juntos aos amigos de escola.
Um trabalho lindo e com relatos repletos de profundidade, reflexões, alegrias, certezas e incertezas. Impossível ler e não se emocionar!
“Reminiscências da Memória – Narrativas de um tempo vivido e sonhado” mostra que o adolescente, ao escrever sobre essa fase, refletindo sobre a educação, seu futuro e sua família, pode, como já dizia Paulo Freire, esperançar.
“É preciso ter esperança, mas ter esperança do verbo esperançar; porque tem gente que tem esperança do verbo esperar. E esperança do verbo esperar não é esperança, é espera. Esperançar é se levantar, esperançar é ir atrás, esperançar é construir, esperançar é não desistir! Esperançar é levar adiante, esperançar é juntar-se com outros para fazer de outro modo…” (Paulo Freire)
Nós aqui do selo Semeando Autores, da editora Canal 6, ficamos felizes pela parceria com o Colégio Guedes de Azevedo ter permitido construir caminhadas sobre pontes, levando adiante tantos lindos sonhos de vida.